Sagrada Família: A Grande Obra de Gaudí

Assim como Torre Eiffel em Paris, Big Ben em Londres, ou Cristo Redentor no Rio de Janeiro, o Templo Expiatório da Sagrada Família, ou somente, a Sagrada Família é o grande símbolo lembrado e associado quando falamos de Barcelona.

Assim como Torre Eiffel em Paris, Big Ben em Londres, ou Cristo Redentor no Rio de Janeiro, o Templo Expiatório da Sagrada Família, ou somente, a Sagrada Família é o grande símbolo lembrado e associado quando falamos de Barcelona.



O grande símbolo de Barcelona

Criado por um dos arquitetos mais reconhecidos e renomados da Espanha (e do mundo), Antoni Gaudí, o templo possui um início concreto, com a primeira pedra colocada no dia 19 de março de 1882, mas um fim que, mesmo que previsto, ainda é incerto e duvidoso.

…uma obra que está nas mãos de Deus e na vontade do povo (A. Gaudí)

Em minha opinião, considero a Sagrada Família como um dos pontos imperdíveis da cidade. Mesmo para aqueles que evitam pontos turísticos “óbvios e massificados”, esse é um dos clichês que vale muito a pena tanto pelo valor arquitetônico, quanto pela história e simbologia dentro do contexto de Barcelona.

Fila e dicas para bilhete

Filas e quantidades enormes de pessoas serão quase inevitáveis. Afinal, superando a Alhambra (Granada) e o Museu do Prado (Madrid), a Sagrada Família representa o monumento mais visitado da Espanha, chegando a receber mais de 10 mil visitantes diários no verão.

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Mas, basta comprar os ingressos antes pela internet ou chegar um pouco mais cedo e ter um pouco de paciência para uma fila que até que anda rápido. Seguramente as imagens e as sensações que terá lá dentro valerão o esforço.

Aqui pode comprar os ingressos no site oficial.

Ajuda-se com áudio-guias

Recomendo que leiam algo antes e se puderem comprem áudio-guias. A história da Sagrada Família, assim como a maioria dos monumentos e pontos turísticos, ganha outra cor quando sustentada por suas histórias e curiosidades.

Ajudarei um pouco com a história e no próximo post explico mais detalhes e curiosidades de sua arquitetura.

A história da Sagrada Familia

A história do Temple Expiatori de la Sagrada Família remete ao ano de 1866, quando Josep Maria Bocabella i Verdaguer fundou a Associação Espiritual de Devotos a São José. Graças a diversas doações, em 1881 a instituição compra uma parcela do terreno de 12.800m² para construir um templo dedicado à Sagrada Família.

Iniciado pela cripta, a partir de um desenho neogótico, o projeto foi criado, mas logo abandonado por Francisco de Paula Del Villar y Lozano. Depois de discrepâncias com os promotores, o arquiteto abandona a direção da obra, deixando a vaga livre para a ocupação de Antoni Gaudí, em 1883.

Antoni Gaudí e uma doação anônima

O trabalho, que seguia a um bom ritmo, ganha a grande impulsão a partir de uma importante doação anônima. Com dinheiro na mão e grandes ideias na cabeça, Gaudí planeja uma obra diferente, maior.

Abandonando o antigo plano neogótico, propõe um projeto inovador, tanto nas formas e estruturas, quanto na construção: uma igreja de grandes dimensões, com torres altas e com arquitetura e escultura carregada de simbologia religiosa, capaz de transmitir ensinamentos da Igreja e do Evangelho.

A fachada da Nativida

E para o arquiteto, nada como começar a edificação pela fachada da Natividade, que acaba de ser construída apenas em 1925.

Talvez por ironia do destino, essa foi a única fachada pronta vista por Gaudí. Afinal, em 10 de Junho de 1926, ele morre, aos 74 anos de idade e três dias depois de ser atropelado por um bonde que andava a apenas 10km por hora.

Fachada da Natividade
Fachada da Natividade

Totalmente dedicado ao projeto, Gaudí chegou a viver e montar uma pequena oficina ao lado da abside do templo, onde trabalhava continuamente na elaboração de planos, desenhos, esculturas, fotografias, etc.

E, diante da idade e da lentidão do avanço das obras, Gaudí já previa:

Não há que lamentar que eu não possa terminar o templo. Ficarei velho, mas outros virão detrás de mim. O que há que conservar sempre é o espírito da obra, mas sua vida deve depender das gerações que lhe transmitam e com as que a vivam e a encarnem”.

Assim, com tantos ajudantes e pessoas envolvidas intimamente no projeto, a obra segue sob o comando de diretores que colaboraram e trabalharam ao lado de Gaudí.

E, mesmo depois do incêndio provocado por revolucionários na Guerra Civil Espanhola, queimando desenhos, fotografias e maquetas originais, a construção continua forte, e sempre respeitando a vontade e as ideias originais do arquiteto catalão. Hoje, a obra é dirigida por Jordi Faulí Oller.

Ícone do modernismo

A Sagrada Família representa um ícone da arquitetura modernista de Barcelona e está localizada no distrito de Eixample, onde também se encontram muitas das obras referências do modernismo na cidade.

A referência às formas da natureza

Sempre inspirado e criativo, Gaudí realizou uma obra repleta de significados e simbologia, apostando pelas formas e linhas curvilíneas, tão característica de seu trabalho e que faz referência às formas presentes na natureza, uma das principais musas inspiradoras do arquiteto.

Para ele, nada melhor como a estrutura de um tronco de árvore ou de um esqueleto humano para inspirar a criação de uma estrutura que fosse ao mesmo tempo estética e funcional.

Sempre pensando nas qualidades estruturais, acústicas e de difusão da luz, Gaudí criou e projetou a Sagrada Família combinando formas geométricas como hiperboloides, paraboloides, helicoides, entre outras.

Sem aprofundar em temas arquitetônicos, basta ter em mente que muitas delas representaram uma grande inovação no setor e que toda a estrutura geométrica foi construída e pensada através de uma perfeita distribuição de pesos.

E, consciente de que não concluiria em vida seu ambicioso projeto, Gaudí o desenhou com formas puramente geométricas e com clareza da relação entre elas, para que, assim, pudessem ser interpretadas por quem desse continuidade à construção.

Além disso, o arquiteto planejou as partes da templo com grande independência entre elas, permitindo que cada geração responsável por sua construção deixe marcado o estilo arquitetônico característico de sua época.

A Simbologia da Sagrada Familia

As torres

A Sagrada Família conta com 18 torres: 12 delas (mais baixas) dedicadas aos Apóstolos, 4 (médias) aos Evangelistas e as duas mais altas representarão a Virgem Maria e Jesus (a mais alta e com uma cruz no topo).

sagrada-familia-fachada-natividade
Fachada da Natividade

Do lado de fora, o templo surpreende com suas fachadas compostas de detalhes que não acabam mais. A Fachada da Natividade, única finalizada com Gaudí ainda vivo e que simboliza o nascimento de Jesus, está carregada de elementos que evocam a vida.

Os pórticos

Entre seus 3 pórticos;

  • o da (à direita e dedicada à Maria)
  • o da Caridade (no centro e dedicada a Jesus)
  • o da Esperança (à esquerda e dedicada a José)

estão concentradas imagens e esculturas populares, de animais, de santos, etc., que trazem uma faceta mais humana de Jesus, como uma escultura que o representa ainda jovem, trabalhando de carpinteiro, ou a cena de matrimônio entre Maria e José.

De mais simbologias, poderia citar infinitas. Mas exemplifico apenas algumas, como a tartaruga, símbolo do inalterável do tempo, anjos com trompetes, que anunciam o nascimento do Messias, camaleões, que simbolizam a mudança, etc.

As fachadas

Estão a Fachada da Paixão e a Fachada da Glória. A primeira foi construída logo após a Fachada da Natividade. Representa a dor, o sacrifício e a morte de Jesus, através da encenação das 12 fases de sua crucificação.

Ao contrário da Fachada da Natividade, esta é formada sem muita ornamentação, sendo construída a partir dos desenhos e explicações deixadas por Gaudí.

Fachada da Paixão
Fachada da Paixão

Dando destaque à nudez da pedra, as esculturas são carregadas de dramaticidade e emoção. Além de suas formas angulosas, elas estão orientadas ao Oeste e, ao receber os últimos raios de sol do dia, ganham um efeito simbólico de obscuridade e penumbra ainda maior.

Nessa fachada também há 3 acessos dedicados à caridade, à esperança e à fé, além de 4 campanários relacionados a apóstolos. Neles, observamos frutos como castanhas e laranjas, típicos das estações de Outono e Inverno, as mais frias e escuras na Catalunha.

Finalmente, a Fachada da Glória é aquela ainda inexistente, e que será a principal e que dará acesso ao interior do Templo. Ela representará a as consequências do pecado e da virtude, e o céu, que pode ser alcançado através de orações e sacramentos.

A Fachada contará, em ordem ascendente, com a representação do inferno, da morte, das virtudes, dos dons do Espírito Santo até chegar à Trindade Augusta. Orientada ao Sul, a Fachada será iluminada pelo sol na maior parte do dia, o que simbolizará a exaltação da vida plena e o gozo do espírito.

Maqueta da Fachada da Glória
Maqueta da Fachada da Glória

Bom, como comentei, devido à complexidade de detalhes e simbologias da Sagrada Família, tentei expor apenas alguns dos interessantes detalhes que estão diante de nossos olhos ao entrarmos em contato com esse atrativo e instigante Templo.

Menos que uma minuciosa descrição da Sagrada Família, minha intenção foi chamar a atenção para o que pode existir por detrás de suas formas e arquitetura, deixando você com água na boca e muita curiosidade para explorar de perto e melhor esse importante ícone do modernismo.

E pra ter uma ideia de como é a Sagrada Família finalmente finalizada, acompanhe esse vídeo.

Photo credits
Sagrada Família no distrito de Eixample: Julien Lagarde
Interior do templo: TimBray
Fachada da Natividade: Canaan

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