Modernismo em Barcelona: Eixample

Eixample Barcelona

Nem só de Sagrada Familia e das casas Milá e Batlló, de Antoni Gaudí, vive o modernismo de Barcelona. Muito pelo contrário. Desde o ano de 1854, quando a cidade começa a expandir-se para além dos muros que a limitavam, começa a nascer o modernismo catalão que reina com beleza e charme até hoje pelas ruas de Barcelona.

Como na cultura, política e ideologia, a Catalunha teve, e tem até hoje, diferenças marcantes em relação ao resto da Espanha, no modernismo a região também se destacou por peculiaridades e características bem próprias.

E, apesar de ter ganhado forma através das artes plásticas, como pintura e escultura, foi na arquitetura que ele mais se destacou na cidade de Barcelona.

O modernismo para além dos muros medievais

A necessidade da cidade de ampliar seu território para além dos muros abriu as portas para o desenvolvimento de um projeto pioneiro de urbanização moderna conhecido como o Plan Cerdà (1859). Era dado, nesse momento, um primeiro e grande passo para o desenvolvimento do modernismo que tanto caracteriza a capital catalã.

Projeto Eixample Barcelona

O plano foi criado pelo engenheiro Ildefonso Cerdà com o objetivo de criar vias de comunicação entre Barcelona e as regiões e povoados situados ao redor. A proposta do projeto incluia a construção de ruas e avenidas amplas, paralelas e perpendiculares, de fácil circulação e grande visibilidade, cruzadas apenas por vias de acesso em diagonais. Por tais características, é dificil imaginar que na época sequer existiam carros.

Além disso, o projeto também propunha gerar uma certa igualdade de classes através da arquitetura, com edifícios e casas sem muito diferencial, com altura máxima de 16m (cerca de 4 andares), com pátios interiores e presença de natureza. No entanto, foi a burguesia catalana, que crecia cada vez mais com o desenvolvimento urbanístico e industrial, que passou a dominar o novo terreno e utilizá-lo para demonstrar seu status e poder sobre a sociedade local.

Com a ajuda da Exposição Universal de 1888, Barcelona estava a todo vapor, vivendo uma grande efervescencia cultural e econômica, onde a nova arte do modernismo chegava para representar as inquietudes e aspirações dessa burguesia. E nada melhor que o novo bairro que surgia, chamado Eixample, para receber toda essa modernidade.

Como ter uma casa modernista demonstrava status dentro da burguesia, começaram a surgir jóias do modernismo que vemos pelas ruas de Barcelona até hoje. Entre os arquitetos de destaque, sempre requisitados pela classe burguesa barcelonesa, estão Lluís Domènech i Montaner, Puig i Cadafalch, Antoni Gaudí, entre outros.

Rota do modernismo em Barcelona

Para conhecer as principais obras do modernismo na cidade existem rotas modernistas realizadas por walking tours e oferecidas por diversas empresas de turismo. A própria prefeitura de Barcelona possui um projeto bastante interessante e que pode ser uma ótima pedida para quem quiser conhecer mais a fundo e de forma original o valioso patrimônio do modernismo catalão. É a ruta del modernisme.

Além de informações oferecidas no site, o coletivo, que envolve diversas entidades relacionadas ao modernismo, oferecem passeios temáticos que, com o pack completo que inclui mapa, guia do modernismo e de bares e restaurantes modernistas, talonário de descontos para edificíos modernistas, e uma bolsa, custa 18€.

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ATENÇÃO: Reparem bem nas calçadas a presença do sinal da foto acima. A Flor de Barcelona é um símbolo do modernismo e que marca as calçadas da Eixample. As que são pintadas de vermelho ajudam a marcar a Rota do Modernismo, indicando a presença de alguma obra modernista por perto.

Veja algumas sugestões de hotéis no Eixample.

Obras de destaque

Para quem quiser fazer o roteiro por conta própria, destaco algumas das paradas que valem a pena, além das clássicas e mais do que conhecidas (e já faladas aqui no blog) obras de Gaudí (Parc Güell, La Pedrera, Casa Batlló, Palau Güell, Sagrada Familia…).

Manzana de la Discordia (Quarteirão da discórdia)

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Junto à Casa Batlló, de Gaudí, existem outras 2 casas que, juntas, formam a Manzana de la Discordia (Passeig de Gràcia entre as ruas Consell de Cent e Aragó). As casas foram feitas por Lluís Domènech i Montaner para a família Lleó Morera, por Josep Puig i Cadafalch para a família Amatller e por Gaudí para a família Batlló.

Palau de la Música Catalana

Precioso edifício localizado na Ciutat Vella, parte antiga da cidade, com riqueza de detalhes e cores tanto dentro como fora. Idealizado pelo arquiteto Lluís Domènech i Montaner, é considerado o edifício mais modernista do mundo e declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO.

Casa Terrades

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Conhecido como Casa de les Punxes, o edifício imita a forma de castelos medievais, com 4 torres de pontas, por isso o nomes, punxes. Feito por Josep Puig i Cadafalch e localizado na Av. Diagonal, entre as ruas Rosselló e Bruc, o edifício é privado e não pode ser visitado. Mas a vista exterior vale a pena.

Hospital de Sant Pau

Hospital de la Santa Creu i Sant Pau

O recinto modernista de Sant Pau foi construído entre 1905 e 1930, mas recentemente recebeu uma reforma para ser reaberto à vistita pública. Obra de Lluís Doménech i Montaner, o hospital foi construído para substituir o hospital que estava no Raval, já antigo e obsoleto.

Na Eixample, bem perto da Sagrada Familia, ganhou uma estrutura arquitetônica única, com uma grande cidade-jardím e diversos pavilhões de grande beleza, transformando o complexo em patrimonio mundial pela UNESCO em 1997.

Els quatre gats

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Esse restaurante foi um dos epicentros artísticos e culturais da cidade nos a finais do século XIX e princípios do XX. A antiga taverna foi construída em 1897 nos “bajos” da neogótica Casa Martí, de Josep Puig i Cadafalch, sendo o ponto de encontro de intelectuais e artistas como Ramon Casas, Santiago Rusiñol e Pablo Picasso. Até hoje funciona como café-restaurante (Carrer Montsió, 3).

Photo credits

Eixample: José Maria Miñarro Vivancos

Projeto Eixample: domínio público

Calçada Flor de Barcelona: Jacinta Lluch Valero

Casa Amatller e Casa Batlló : Year of the dragon

Palácio da Música Catalã (externo): Year of the dragon

Palácio da Música Catalã (interno): Jiuguang Wang

Hospital de Sant Pau: Luidger

Els Quatre Gats: Year of the dragon

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