A Milonga é mais que um espaço, é o lar do Tango de arrabal (dos bairros portenhos). Nestes locais pessoas solitárias ou acompanhadas, chegam à noite para desfrutar da música ao vivo, das danças ou da companhia de um bom vinho.
As milongas se originaram na metade do século XIX. Onde nos bairros marginais os imigrantes se reuniam para compartilhar os diferentes estilos musicais. Lá surgiu a dança característica do Rio de Prata, o TANGO.
As Milongas foram evoluindo e, estes espaços, foram os responsáveis de uma das diferentes variedades de Tango que leva por nome: Tango de Milonga.
Tanto as músicas como as danças desta variável do Tango está perfeitamente adaptada para pequenos espaços, movimentos mais sutis e sensuais.
A música sempre é ao vivo, uma orquestra fica a noite toda como primeira responsável pela atmosfera mágica que neste local existe.
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A Milonga com o tempo migrou dos bairros mais humildes para os bairros nobres. Por volta dos anos 30, aquela dança e músicas já não eram uma característica dos imigrantes do sul da cidade.
E assim as milongas se massificaram e se perfeccionaram até a atualidade. Hoje as milongas são locais lotados de ótimos dançarinos, luzes baixas, boa música, comidas e bebidas.
Cada uma das Milongas de Buenos Aires possuem sua característica especial. Existem aquelas para pessoas mais velhas, apaixonados pelo Tango dos anos 40 ou 60, outras para mais jovens e o novo Tango Eletrônico, existem aquelas que não se permite o ingresso sem previa recomendação ou até milongas para homossexuais.
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A linguagem corporal destes espaços é ainda misterioso, e só aqueles velhos “milongeiros” conhecem os jeitos dos movimentos da cabeça e senhas sutis feitas com as mãos que são algumas das formas de comunicação existentes, evitando a fala. Os olhos possuem uma grande importância na hora de interpretar as intenções dos homens e mulheres.
A pista de dança é uma verdadeira obra de arte e os melhores tangueiros ficam à vontade para ensinar aqueles movimentos únicos, junto com suas companheiras.
O Tango de Milonga é diferente do Tango Show. Aqui não vão encontrar grandes coreografias, efeitos de luzes, orquestras com 20 integrantes, serviços de lunch, etc. Na Milonga o ritmo é mais sutil, a magia acontece com corpos dançando devagar mas muito juntos, luzes tênues e orquestras de três o quatro integrantes onde o Bandeoneon é o rei na noite.
Imagem: Aguiarbuenosaires
O perfil do milongeiro é cavalheiresco, respeitoso e possui uma fala típica do espanhol do rio da prata chamada “lunfardo”. Onde a mulher é a “mina”, a casa é o “bulo”, o cigarro é o “pucho” e a cama a “catrera”.
Experimentar algumas noites nas milongas é conhecer o cheiro da essência portenha, tanto do homem como da mulher dos anos 30 ou 40, mas na atualidade.
Conhecer almas maravilhosas, que entendem que o universo é uma triste nostalgia que virou uma dança de paixão e lágrimas, onde cada movimento permite lembrar as emoções, euforias e aqueles tempos passados que com certeza sempre foram melhores.
A milonga é um mundo paralelo onde as normas e regras da sociedade toda não são respeitadas e mudam. Dentro de uma milonga existem outros códigos, cada pessoa muda de nome, muda a atitude, cada pessoa desenvolve uma personalidade transversal daquela do dia a dia.
Na milonga, cada um pode ser quem quiser, fora desta, o mundo paralelo vai sumindo na rua, atrás dos passos dos sapatos de couro brilhante.
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